Rosângela Trajano

Nasce uma estrela sempre que se escreve uma poesia

Textos


O anjinho chorão

Rosângela Trajano

Ele adorava dormir! Mas antes de dormir passava horas brincando comas estrelas.

Enquanto os outros anjinhos acordavam e se preparavam para entrar na fila de ser anjo da guarda, ele dormia.

Todos os dias chegava atrasado para ser anjo da guarda de alguém e começava a chorar.

Suas lágrimas caíam em forma de chuva na Terra.

Voltava para cama esperar um novo amanhecer.

Dormia enquanto tinha sol.

Brincava com as estrelas enquanto tinha noite.

De manhã, novamente perdia a hora de ir para Terra ser anjo da guarda.

Mas que anjinho dorminhoco! Assim você nunca vai ser anjo da guarda!

E começava a chorar ali mesmo no meio das nuvens.

As nuvens ficavam tão comovidas com aquele pranto do anjinho que escureciam de lágrimas e não suportando mais guardar todo aquele pranto fazia chover na Terra.

Mas teve um dia que o anjinho ficou bravo com as estrelas, porque julgou que elas eram as culpadas dele não ser anjo da guarda de ninguém.

As estrelas decidiram deixá-lo quieto e naquela noite não apareceu nenhuma para brincar com ele.

Então, ele conseguiu dormir a noite inteira.

E quando a sineta tocou: toiiiimmmmm!

Ele deu um pulo da nuvem, tomou seu banho, vestiu-se e correu para fila apressado.

Apesar de tudo, a fila estava enorme! Mas não cochilou nem por um minuto! Dessa vez foi o penúltimo da fila.

Esperou chegar a sua vez, ansioso por demais, e quando chamaram por ele correu para ser anjo da guarda.

Mas ficou o último anjinho que cochilava em pé e perdeu a sua vez de ir ser anjo da guarda.

Como todo anjinho triste começou a chorar, deixou as nuvens escuras de tristeza e quando elas não puderam mais segurar o pranto começou a chover.

É assim no céu. Sempre há um anjinho que dorme demais e perde a vez de ser anjo da guarda.
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 11/10/2019


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