Poema da água corrente
Chuá, chuá, chuá, chuá...
Lá se vai a água descendo a montanha À procura de um não sei o quê E eu cá em mim procuro outros eus Que sejam menos melancólicos Não sei mais nada de mim, acho que nunca soube nada Tenho mil planos guardados nas gavetas E faz anos que não abro as cortinas da casa Há uma fonte na minha rua onde as crianças brincam E posso ouvir a gritaria delas Temo esquecer as xícaras em cima da mesa O café acabou ontem à tarde Deito-me inquieta pensando no dizer do céu Que conta-me histórias sagradas de anjos e querubins Cantam as estrelas cadentes atrás das árvores Onde o sol dorme esta noite? Tenho curiosidades de instantes que se vão antes de ser-me Estou pronta para o acaso e dispo-me das inquietudes Melhor dormir... é madrugada de Natal Chuá, chuá, chuá, chuá... Correm as águas para dentro de mim Buscam guizos entre desilusões e dores Sou uma casinha de botão sem dono. Rosângela Trajano
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 13/10/2019
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