Poema à meia-noite
Rosângela Trajano
Sozinha. Sozinha dentro de uma casa com portas e janelas abertas. Em cima da cômoda está o livro de todas as coisas. Sim, todas as coisas são lindas! Diz uma amiga minha que preciso aprender a amar a razão... tenho mais fé. Descartes não gostaria de me receber para um café. Talvez Santo Agostinho, quem sabe. Não sei se coloco as flores secas no lixo ou se as guardo de lembranças. Tenho muitos trecos. Trecos são coisas velhas, inúteis para alguns. As coisas velhas sempre chamaram a minha atenção, por isso comprei uma caneta de 1930. Tenho três anéis nos meus dedos e um pingente sozinho desce meu pescoço... sozinha de todas as coisas que desconheço do livro de coisas que ainda não li. De todas as coisas, sozinha.
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 14/10/2019
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