Plantar livros
Rosângela Trajano
Preciso urgentemente colher palavras Para plantar livros perto do meu cajueiro Sem que as estrelas vejam nada disso Porque dizem as estrelas ser ciumentas Com certezas de que todos dormem Um buraco de ideias desordenadas Feito aquelas vírgulas que nunca se encontram Ou as retas desacordadas da álgebra vetorial É preciso aprender a plantar livros Também dentro de nós, nós mesmos Essência una do bem que move o Universo Não temos muito... nunca teremos o todo Somos parte da exceção da lápide Que diz à ave que ela está morta Mas estamos vivos fora e dentro de nós Como bons navegadores cuidamos do barco Porque das águas mansas também saem gigantes No seio da madrugada também planto livros Em cajueiros escondidos nos meus pés.
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 14/10/2019
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