Estrelas
Quando eu era criança
Gostava de contar as estrelas Elas riam para mim Eu ria para elas Cresci. Parei de contar as estrelas Porque, num certo sábado, uma estrela Desceu do céu e veio falar comigo Confidenciou-me segredos Brincamos de cadê o grilo Brincamos de médica e paciente Durante alguns poucos dias Essa estrela dormiu nos meus sonhos E eu pude sentir o seu calor O cheiro da sua pele Contemplar seu sorriso único Sentir uma das suas pontas tocar a minha perna direita Roubá-la da sua tranqüilidade, do seu cotidiano Mudar tudo... até seus princípios de menina interiorana Ah! Estrelinha, você foi um conto de fadas Estrelas que eu contava e parei de contar Presentearam-me uma estrela por poucos dias E eu soube valorizar esse presente Cuidando da estrelinha como se cuida de um pássaro Pássaro que está preso numa gaiola E não quer dela sair... medo ou comodidade? Não sei... zelei a estrelinha Voltei a contar estrelas No entanto as minhas contas não passam de um Uma estrela que mantenho acesa no céu da minha ilusão Estrelas, lágrimas são meus lençóis cheios de saudades Amanhã quando o pranto parar voltarei a olhar para o céu A janela está aberta. Pode entrar, Estrelinha.
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 15/10/2019
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