O riso das tuas palavras
Não as tocar e senti-las
De todas as formas Vesti-las para imitá-las Navegar atrás de tijolos, Cores, sombras e luzes Palavras bailarinas Bailando pra mim Num baile faz-de-conta Contando à vida o que Não sai da minha boca Palavras tuas: meninas Risonhas e morenas Palavras que me cheiram A alma desassossegada Deixando aqui um perfume Inquietação da saudade Essência subjetiva da verdade Risos, risonhos, risadas, risinhos Palavras tuas corajosas Abrindo janelas do querer Pousando num canto qualquer Hoje, amanhã, depois dizendo Ao tempo que o tempo não tem tempo Invento rodas das tuas palavras E giro o mundo num pensar Risadas das tuas palavras Reticências do crepúsculo Corridas do sertãozinho Que se esconde no céu Das tuas palavras Onde a seca não existe A chuva molha as tuas palavras Palavras molhadas, suadas, Cansadas de repetições Saem às vésperas do outono Para cochilar na brisa da manhã Nada é demais por si só Nem tão pouco para nós A última folha da árvore Copiou o riso das tuas palavras Resgate metafísico do sujeito Ser ou não ser uma palavra E quem as conhece além de ti Palavras conhecem-se Nas águas claras dos rios Da tua sabedoria colhida Na acolhida do teu viver Risos, risadas, risinhos, Palavras tuas sorriem.
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 15/10/2019
|