As latas entulham meus devaneios
As latas entulham meus devaneios
Desiludida desfaço as minhas colmeias Resisto ao luto da minha dignidade Sem oscilações vãs julgo-me Realça o brio na explosão matinal Agoniza o perdiz no solo estéril Flores e versos nada me dizem Sem o pio do meu sabiá Nas minhas tardes quietas Orquídeas resistem as minhas alucinações Rasgo jovens palavras rebeldes Apreensão de mim no ontem Nado no mar de mim à procura de ti A liturgia do domingo diz-me algo Igrejas falam de Cristo e da fé Crio ritos em pedaços de tempo Lavo-me no seio materno da folha verde Quantias de mim são multidões solitárias A última lágrima trocou de roupa ainda há pouco.
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 16/10/2019
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