O sangue não é vermelho
O sangue não é vermelho
Nem o bicho é feio A luva não é de lã Nem o sapato de couro Tuas palavras são conflitos Bens sabes que não podemos Desfazer a ordem do Universo Explorar cavernas de brios Cansar os espiões das madrugadas O sangue é vermelho e eu te pesco Tirana e malvada levaste-me Presa no teu ventre feito feto Dos desafetos enforcados Choro a perda das larvas amantes Fui tua prostituta na cama E tua dama no vinho e na seda Mulher sem seios sou eu Mutilada pelos teus carinhos Que partiram na nudez da noite Águas em mim são correntezas Mas nada levam além de pedaços de mim Já não sou nada, acho que fui algo E quando fui algo não percebi sê-lo Perdi-me, mulher, em ti.
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 18/10/2019
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