Sem cenas
Olhos abertos
Fadigados Tantos rostos E tu não. Saí Não quis Por quê? Saí, sim Para viver Onde se esconde O grito e a lágrima Se esconde a loucura Mas só os loucos Sabem expressar O sorriso da alma. Vestidos Trigos Centelhas Odores Baluartes. Fede Teu crime No retrato Do jornal Jogado no lixo. Antes de rasgar meus versos Vou rasgar tua cara Por nela uma cicatriz enorme Assinado: A poetisa. Labuta pensamento Diante da orquestra da vida Compõe uma sinfonia Que fale de um sentimento Engolido como comida. Se Dolores falasse Dolores diria Que eu sou culpado Mas como Dolores Não fala Eu posso dizer Que ela é má Porque me deixou Acreditar no que não existia Dolores do medo corria E eu amando temia Aquela que para mim sorria Ah! Dolores se eu soubesse Que você mentia... Tem horas que dar Uma desilusão A gente esquece De repente Que é gente Pra não ter que Se tornar serpente Envenenar a calma. Linhas Retalhos Costureiras Costuram Colchas Agulhas de mão Costureiras não sabem Costurar um coração. Eu fiz trinta e quatro anos de idade Neste dia, eu estava triste Enquanto todos riam diante do Meu bolo de aniversário Eles conservam o mesmo sorriso Só eu envelheci, fiquei feia A casa continua a mesma No meio da rua as crianças ainda gritam Na festa dos meus anos Eu não tinha nada para comemorar E tinha tanto, tanto que não sabia Angustiada sofria e sorria Perguntava por Maria... Atravessei a avenida Como quem atravessa Pra morte Mas os carros se desviaram E a louca não morreu. Só quem sabe o que eu sinto É que teria coragem De me atirar uma pedra Dentro do meu coração. Galhos Borboletas Galhos Secos Folhas Ao chão Galhos Balançam Esperando O perdão. Tem gente que sai por aí Gritando que tudo está ruim Que a vida não presta E que o mundo é hipócrita Fico à minha janela Sem cortinas, sem vento E quando me canso Sento-me na minha Cadeira de balanço Não tenho mais gritos Tenho olhares perdidos A estupidez me cegou Lúcida só nos sonhos Que não são meus Nem sei de quem são Essa gente reclama de tudo Eu reclamo de não saber quem sou Porque hoje eu acordo com vontade de andar Amanhã acordo sem sentir as pernas Triste figura a que se apresenta no espelho Eu vou pra rua fazer o quê? Comprar remédios pra viver. Tive medo hoje Quis me esconder De mim, de mim Medo...medo... Medo de mim. As obras de arte Têm várias idéias Eu não sou nada Além de uma Obra mal feita. Dia 3 de julho É um belo dia Pode ter chuva Pode ter sol Lua cheia Ou lua nova Será sempre Um lindo dia O dia 3 de julho!
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 19/10/2019
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