Rosângela Trajano

Nasce uma estrela sempre que se escreve uma poesia

Textos

Sem cenas
Olhos abertos
Fadigados
Tantos rostos
E tu não.

Saí
Não quis
Por quê?
Saí, sim
Para viver

Onde se esconde
O grito e a lágrima
Se esconde a loucura
Mas só os loucos
Sabem expressar
O sorriso da alma.

Vestidos
Trigos
Centelhas
Odores
Baluartes.

Fede
Teu crime
No retrato
Do jornal
Jogado no lixo.

Antes de rasgar meus versos
Vou rasgar tua cara
Por nela uma cicatriz enorme
Assinado: A poetisa.

Labuta pensamento
Diante da orquestra da vida
Compõe uma sinfonia
Que fale de um sentimento
Engolido como comida.

Se Dolores falasse
Dolores diria
Que eu sou culpado
Mas como Dolores
Não fala
Eu posso dizer
Que ela é má
Porque me deixou
Acreditar no que não existia
Dolores do medo corria
E eu amando temia
Aquela que para mim sorria
Ah! Dolores se eu soubesse
Que você mentia...

Tem horas que dar
Uma desilusão
A gente esquece
De repente
Que é gente
Pra não ter que
Se tornar serpente
Envenenar a calma.
Linhas
Retalhos
Costureiras
Costuram
Colchas
Agulhas de mão
Costureiras não sabem
Costurar um coração.

Eu fiz trinta e quatro anos de idade
Neste dia, eu estava triste
Enquanto todos riam diante do
Meu bolo de aniversário
Eles conservam o mesmo sorriso
Só eu envelheci, fiquei feia
A casa continua a mesma
No meio da rua as crianças ainda gritam
Na festa dos meus anos
Eu não tinha nada para comemorar
E tinha tanto, tanto que não sabia
Angustiada sofria e sorria
Perguntava por Maria...

Atravessei a avenida
Como quem atravessa
Pra morte
Mas os carros se desviaram
E a louca não morreu.

Só quem sabe o que eu sinto
É que teria coragem
De me atirar uma pedra
Dentro do meu coração.
Galhos
Borboletas
Galhos
Secos
Folhas
Ao chão
Galhos
Balançam
Esperando
O perdão.

Tem gente que sai por aí
Gritando que tudo está ruim
Que a vida não presta
E que o mundo é hipócrita
Fico à minha janela
Sem cortinas, sem vento
E quando me canso
Sento-me na minha
Cadeira de balanço
Não tenho mais gritos
Tenho olhares perdidos
A estupidez me cegou
Lúcida só nos sonhos
Que não são meus
Nem sei de quem são
Essa gente reclama de tudo
Eu reclamo de não saber quem sou
Porque hoje eu acordo com vontade de andar
Amanhã acordo sem sentir as pernas
Triste figura a que se apresenta no espelho
Eu vou pra rua fazer o quê?
Comprar remédios pra viver.

Tive medo hoje
Quis me esconder
De mim, de mim
Medo...medo...
Medo de mim.

As obras de arte
Têm várias idéias
Eu não sou nada
Além de uma
Obra mal feita.

Dia 3 de julho
É um belo dia
Pode ter chuva
Pode ter sol
Lua cheia
Ou lua nova
Será sempre
Um lindo dia
O dia 3 de julho!
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 19/10/2019


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