O menino e o nome das coisas
Era uma vez um menino com jacarés na cabeça e tatus no coração, logo tão esperto quanto os demais meninos que também têm bichos nas cabeças e nos corações. Uma certa tarde, estava pronto para ir à escola quando começou a chover forte e a mãe logo disse: - Está chovendo, filho! Vamos esperar a chuva passar senão vamos nos molhar todos! O menino ficou intrigado com o nome que davam a água que caía das nuvens para ele podia apenas se chamar molhadeira já que molhava todos que saíssem embaixo dela. - Mamãe, por que chamamos de chuva? - Ora, porque foi o nome que deram para ela. - Chuva não tem nada a ver com uma coisa que molha a gente. - Não estou entendendo onde você quer chegar, filho. - Podia se chamar molhadeira de molhar. A palavra chuva não quer dizer nada, mas molhadeira diz que molha e a gente fica logo sabendo. - Lá vem você com as suas ideias curiosas. Vamos a chuva passou! Quer dizer, a molhadeira! Depois daquele dia, o menino começou a pensar no nome das coisas de um jeito diferente. Para ele, as coisas tinham que ter um nome que combinassem com o que faziam e serviam. - Papai, o senhor vai lavar seu andador hoje? - Filho, fale direito. Assim, não entendo nada. O que é um andador. - Andador, o andador amarelo que o senhor gosta muito de andar nele. - Ainda não entendi! Está falando de um brinquedo? - Papai estou falando do andador que o senhor chama de carro. - Então fale direito, filho. Carro é uma coisa e andador é outra. - Carro não combina com o que ele faz. O senhor anda nele pra cima e pra baixo, logo deve se chamar andador. - Por falar nisso, vou ali lavar os meus pisantes. - Ai, ai, ai, filho, você vai me deixar maluco com essa ideia de mudar o nome das coisas. O menino depois de lavar os seus pisantes colocou-os para secar em cima do muro e foi para o seu quarto onde deitou-se na sua dormideira com a cabeça no cabeceador. Ao acordar do seu cochilo, deu um pulo da cama e correu até o quintal para ver o brilhador se pôr no final daquela tarde maravilhosa de primavera Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 27/10/2019
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