Rosângela Trajano

Nasce uma estrela sempre que se escreve uma poesia

Textos


Menino das estrelas
Revisado por Rosa Regis

Era uma vez um menino

Que gostava de puxar
As estrelas preguiçosas
E o céu fantasiar
 
Não tinha onde viver
Morava ali nas calçadas
Pelas ruas caminhava
Comendo sempre cocadas
 
Achou uma mala preta
Cheia de brinquedos belos
Tentou guardar as estrelas
E os pincéis amarelos
 
Trazia cinco barbantes
Guardados no seu calção
Bem lá no fundo do bolso
Junto com um avião
 
Nas noites bem estreladas
O menininho sozinho
Descia pela ladeira
À procura de carinho
 
Das estrelinhas amigas
Para com ele brincar
De correr naquele céu
Cadente pra viajar
 
E quando não as achava
Ele chorava um bocado
Ficando feio e tristonho
Assim mandava um recado
 
Para o paizinho do céu
Rezando muito apressado
Repetindo sempre a prece
Meio fraco e desolado
 
Um gatinho colorido
Para sua companhia
Ele ganhou, que miava
Assim como quem dizia:
 
Vou lhe trazer alegria
Uma estrela pintarei
E no sol do meio-dia
Com você me sentarei
 
O menino pensou bem
De como a vida é dureza
Muita gente nas calçadas
Com fome, sede, frieza
 
Povo sofredor demais
Sem moradia certinha
O menino ficou triste
Desencantada a carinha
 
Do barbantezinho mágico
O feitiço se acabou
Não teve mais alegria
Estrelas não mais puxou
 
Com a barriga roncando
Naquele dia chuvoso
Era melhor se esconder
Do homem astucioso
 
Ele leu num jornal velho
As notícias de uma guerra
De dois homens que brigavam
Por um pedaço de terra
 
Era o mundo pelo avesso
Ou de pernas para o ar
O menino sem saber
De nada foi passear
 
Queria ver as estrelas
Tomarem banho de mar
Vestidinhas com pijamas
Esquecer o seu pensar
 
No seu caminho encontrou
Um tatu meio doente
Tinha engolido um canudo
Que ali pôs um inconsequente
 
Pensou: Como o mundo é mau
Já o tatuzinho pegando
De um jeitinho especial
O seu casquinho alisando
 
Abraçando o animal
Para um biólogo o levou
- Salve o bichinho! Pediu
- Alguém muito o maltratou
 
Saiu dali caminhando
Devagar, queria ver
As estrelas. À noitinha
Elas iam aparecer
 
Precisava descansar
Na areia fria sentou-se
O mar, que estava calmo
Agiu em si. Acalmou-se
 
Aquele dia difícil
Já estava terminando
Porém, onde dormiria?
A si viu-se perguntando
 
E o seu fofo gatinho
Onde poria Mimi?
De repente escureceu
Mudou tudo por ali
 
Choveu estrelas do Céu
Naquela noite feliz
E nosso menino teve
Tudo que ele sempre quis
 
Uma casa com janelas
Feita de alvenaria
Numa caminha arrumada
O menino dormiria
 
Tendo seus pés aquecidos
Por um cobertor quentinho
No jantar pão com café
Não doeria o dentinho
 
O menininho contente
Seus bracinhos levantou
Com o barbante, dois lacinhos
Fez, e uma estrela puxou
 
E foi puxando, puxando
Do céu com felicidade
Porém ela era cadente
Ia cidade a cidade
 
Onde a meninada brinca
Não há raiva ou sofrimento
É ali que vai o menino
E seu gatinho pulguento
 
Sabe-se: Toda criança
Deverá viver em mundos
Com sonhos. E ter direito
A dormir sonos profundos
 
Assim, o nosso menino
Na cauda da estrelinha
Viajou e esqueceu
De levar a flanelinha
É que agora ele iria
Trabalhar de mentirinha
 
 
Rosângela Trajano, primavera
1º de novembro de 2019.
 
Exercícios para o bom pensar.
 
1 – Por que há meninos morando nas ruas?
 
2 – Como você acha que é a vida de um menino de rua?
3 – Onde dói mais o frio num menino de rua: no corpo ou nos seus sentimentos? Por quê?
 
4 – O que podemos fazer para ajudar os meninos de rua?
 
5 – O que você acha que os meninos de rua aprendem sozinhos?
 
6 – Onde você acha que a vida dói mais nos meninos de ruas para você?
 
7 – Que sentimentos você acha que tem um menino de rua? Por quê?
 
8 – Por que, apesar da vida difícil, alguns meninos de rua gostam de brincar e sorrir?
 
9 – Quais sonhos você acha que um menino de rua tem para o seu futuro? Por quê?
 
10 – Do que os meninos de rua mais têm medo? Por quê?
 
Desenhe um menino de rua.
 
 
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 03/11/2019
Alterado em 03/11/2019
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