Menina dorminhoca
Uma vez uma menina Dormia mais um tantinho Tanto dormiu que esqueceu De cuidar do seu gatinho A menina dorminhoca Gostava de cochilar Roncava igual uma onça Não tinha certo lugar Usava lacinho azul Vestido com uns retalhos Sapatos avermelhados Pegavam outros atalhos Quando dormia sonhava Outros mundos mais bonitos Com montanhas e com lagos Nunca antes por ela vistos Nunca queria acordar Do seu gostoso soninho Olhos fechados andava Puxando o leal gatinho Muitas das vezes sonhava Numa árvore subindo Falando com Iracema Acabava era dormindo Dorminhoca era chamada Andava meio tristonha Não saía mais de casa Nem visitava mais Tonha Dormia com nove livros Em cima da sua cara Sonhava com as bonecas Aquelas que desejara Dorminhoca não podia Dirigir carro de mão Nem tirou sua carteira Reprovada na lição Era dia de um exame Que via na barriguinha Como era tudo por dentro Dormiu aberta boquinha Pediu aquele bom médico Profissional gentil Um remédio pra curar Seu soninho pueril Igual as demais crianças Dormir mais só um pouquinho A noite inteira sonhar Com girafa, dragãozinho... O médico achou uma graça O pedido da menina Não podia fazer nada Pela bela pequenina À tarde foi comprar pão Para comer com café Dormiu devagarzinho Com a cabeça no pé Teve uma ideia legal Morar no sono do dia De noite muito brincar Ser verso de poesia As amigas reclamavam Dela somente dormir Sem saber o que fazer Para elas nunca fingir Visitou bom curandeiro Que a benzeu com fé e reza Nada de preocupar É coisa que se despreza Mesmo assim o curandeiro Quis um xarope passar Para tomar a menina Preocupação sarar Com suas três moedinhas Xarope logo comprou Quis um gostoso sorvete Seu dinheirinho acabou Era noite e ao voltar Para a sua moradia Que ficava nas montanhas Lá onde o dia nascia A menina ali sentou Na varandinha da casa Olhou para o céu azul Olhinhos cheios de brasa Perguntou triste, baixinho A Deus com todo cuidado O que fazer com o sono Onde melhor ser guardado Deus gritou forte do céu Assustou muito a menina Correu pra dentro de casa Rápida fechou a cortina Foi um tremendo trovão Com ele uma chuva veio Ficou frio na montanha Raio na casa do meio Trocou logo de vestido Acendeu uma lamparina A vovó tinha saído Gato dentro da botina Chuva falava lá fora Pegou velha revistinha Começou sentada a ler De frente à janelinha Num sono profundamente Revista em cima da cara Gato com medo chamando Ela pra ver pau-de-arara Era vovó já chegando Da feira toda molhada Trazia bons pimentões E uma gostosa cocada Vovó a porta empurrou Com cuidado, devagar Não acordar a netinha Dorminhoca do seu amar O gato sentiu o cheiro De peixe fresquinho, morto E miava sem parar Ela só no seu conforto Vovó fez leite quentinho Para o seu gato faminto Mas ele não quis comer Parecia mais um pinto Vovó cantou muito forte Bateu na sua panela Quis acordar a menina Podia cantar naquela Tarde o tempo que quisesse Ninguém acordaria ela ******* Rosângela Trajano Em 07 de novembro de 2019 Tarde de primavera, mamãe Lava roupa no quintal. Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 10/11/2019
Alterado em 15/11/2019 Copyright © 2019. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |