Rosângela Trajano

Nasce uma estrela sempre que se escreve uma poesia

Textos

Carta ao meu tio José Damasceno
Natal-RN, 06 de janeiro de 2012.

Carta ao meu tio José Damasceno.

Querido Tio,

Hoje você nos deixou. Foi uma partida silenciosa, calma... do seu jeito. Sentirei muito a sua falta. Perdoe-me se não estive presente em alguns bons momentos que podíamos ter dividido e que hoje me vêm à tona com muita intensidade. Estivemos juntos, no hospital, fui visitar-lhe uma única vez. Mas, meu querido tio, vê-lo sofrendo não me fazia bem, porque eu me acostumei ao seu sorriso, ao seu amor pela vida, a sua felicidade. O senhor me contou que lhe retiraram sua bicicleta para que não sofresse um acidente na rua, peço a Deus que lhe dê uma de presente nesse momento e que o senhor possa passear com ela, agora no céu, junto do nosso Pai amado. Vai ser bom que o senhor tenha uma bicicleta por aí, porque no dia que eu chegar, ao seu lado, terei coragem de aprender a andar de bicicileta, e juntos passearemos à tardinha. Rezarei pelo senhor sempre. Já pedi ao meu anjo guardião São José, para recebê-lo com afeto e levá-lo a um lugar onde os pássaros cantem e as árvores gostem de se balançar com o vento que passa devagarzinho. O senhor não foi um fraco, um covarde ou coisa parecida. O senhor foi um homem corajoso, bravo, lutou até o último momento sempre com um sorriso no rosto. E o chip, querido tio? O chip continuará nessas duas mulheres que sempre amamos, agora quem vai monitorá-las sou eu, não se preocupe. O chip continua ativo. Massagear seus pés, naquela tarde nos hospital, foi um presente que Deus me deu. A última masagem. A nossa última conversa. A nossa despedida. Obrigada, meu querido tio, por ter sido um homem tão bondoso, por ter sido um grande pai, um grande esposo, um carinhoso tio. Descanse em paz. Não quero que me veja chorando, nem que saiba da minha dor, quero pedir aos anjos e as estrelas que iluminem seu caminho aí perto do Pai celestial. Eu tinha feito um desenho para o senhor, mas fiquei com vergonha de mandar-lhe. Hoje me arrependo por não ter mandado meu desenho. Fique bem, tio. Peça a Deus para aguar as plantinhas aí no céu de vez em quando, vai lhe fazer bem. Mando meu abraço agora através dessa minha mensagem de despedida, e espero que o senhor possa recebê-la, em breve. Como breve é a nossa passagem pela Terra. Um dia iremos nos reencontrar e sorrir de tudo o que passamos aqui.

Um abraço da sua sobrinha,
Rosângela Trajano.
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 06/01/2020


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