A menina e o antropólogo
Era uma vez uma menina que vendia bolos todos os dias, inclusive aos domingos. Tinha muitos clientes. Vendia bolos para o sol, a lua, os gatos e cachorros de ruas. Precisava vender bolos, pois em casa não tinha comida. Nas suas andanças por um bairro cheio de meninos encontrou um homenzinho magro, de chapéu de palha e pés enormes. - Olá! Quer comprar bolo? - Quanto custa? - 1,00. - Dê-me a bacia inteira. - Tudo?!!! Vai comprar tudo? - Sim! Vou! Gosto muito de bolos! A menina viu que o homem olhava atentamente as pessoas subindo e descendo as ladeiras. Tirou o dinheiro do bolso e pagou sem nem olhar para ela. - Vejo que está muito ocupado. - Estou estudando a sociedade e as culturas humanas. - O senhor é um antropólogo? - Como sabe que sou um antropólogo? - Ah! Porque quem estuda essas coisas são os antropólogos. Não é mesmo? - Huummm! Verdade! Um antropólogo se preocupa com tudo isso. - Sociedade eu sei que é um povo que vive junto e seguem normas e leis estabelecidas. Mas o que é cultura? - A cultura são todos os nossos costumes, crenças, religiões. Nos dias atuais, as culturas estão se misturando. Algumas sociedades ainda têm suas culturas bem próprias. Hummm! Seu bolo é muito gostoso, menininha! - Obrigada! O povo da minha avó tinha costumes bem diferentes dos nossos. Eles dançavam e cantavam quando morria alguém. - Pois é! Temos que respeitar as culturas alheias. Você já ouviu falar em ETNOCENTRISMO? - Vixe! Que palavra grande! Eu não sou acostumada com essas palavras enormes! Gosto das palavras pequeninas. O que quer dizer essa palavra? Me ajude a soletrá-la, por favor. - E-T-N-O-C-E-C-E-N-T-RI-S-M-O. - E-T-N-O-C-E-N-T-R-I-S-M-O? Ufa! Quase não sai! - É quando um povo toma atitudes nas quais consideram seus hábitos e condutas superiores aos de outrem. Isso é muito sério! - Sério mesmo! Muitos povos fazem isso! - O etnocentrismo não pode ser aceito pelo povo. - Verdade! Gosto que respeitem os costumes do meu povo. Seu antropólogo, tenho que ir. O sol já vestiu o seu pijama. - Até mais, menininha! Vá em paz! - Até mais! Voltarei para vender mais bolos e conversarmos sobre a antropologia. - Estarei sempre por aqui observando o meu povo. A menina saiu toda feliz com os bolsinhos cheios de moeda. Atrás dela um gato miava. Estava tarde. Tinha que correr para casa. A sua casa era o melhor lugar do mundo depois de conhecer tantos lugares. Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 24/08/2020
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