Rosângela Trajano

Nasce uma estrela sempre que se escreve uma poesia

Textos


A menina e o senso comum

Era uma vez uma menina muito curiosa sobre as coisas e pessoas ao seu redor, daquelas meninas que têm jacarés nas ideias. Que bicho você tem nas suas ideias? Dizem que as crianças criam bichos em todos os lugares.
Certo dia, a menina ouviu a vovó segurando um calendário e dizendo que a sexta-feira seria dia treze e que é ele traz azar, mas a mamãe rebateu sorrindo e dizendo que aquilo era coisa do senso comum.
- O que é o senso comum, mamãe?, perguntou a menina.
- É o que aprendemos a partir de hábitos, crenças, tradições, preconceitos, superstições e etc.
- Fale-me mais sobre o senso comum, mamãe.
- O senso comum é transmitido de geração para geração nas sociedades. E tem como característica a subjetividade. 
- Ai, ai, ai... os adultos adoram falar palavras grandes. S-u-b... o quê?
- Subjetividade são os sentimentos e opiniões de cada pessoa.
- Entendi! Cada pessoa pensa de um jeito diferente.
- Isso mesmo. O senso comum pode variar de pessoa para pessoa depende da forma como ela enxerga o mundo e as pessoas ao seu redor.
- Cite um exemplo do saber do senso comum, mamãe, para eu entender melhor.
- Ah! Tem muitos. Por exemplo: a sua vovó não varre a casa nas quartas-feiras porque tem medo do lixo virar um monstro.
- É verdade! Ela vive me dizendo para não varrer a casa nas quartas-feiras. Já me disse isso um milhão de vezes.
- Isso não vai acontecer nunca. É tudo saber do senso comum, ou seja, a sua avó aprendeu com outras pessoas.
- Vocês não acreditam em mim e continuam varrendo a casa nas quartas-feiras, pois quando o lixo virar monstro não vou querer estar por perto.
A menina abraçou a vovó carinhosamente e lhe disse que ela não precisava ter medo da próxima sexta-feira só porque seria dia 13, aquilo era apenas uma superstição, nada demais aconteceria. Como também podia varrer a casa todas as quartas-feiras que o lixo nunca viraria um monstro. Tudo era apenas um saber do senso comum.
A vovó desconfiada com as mãos para trás cruzou os dedos, piscou o olho para o retrato do vovô já falecido e prometeu nunca mais falar em azar ou monstros para a menina.
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 26/08/2020
Alterado em 26/08/2020
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