Rosângela Trajano

Nasce uma estrela sempre que se escreve uma poesia

Textos


um que para tantos eus

nem sei que roupas visto hoje
talvez a de uma mulher lésbica
ou quem sabe a de uma trans
não sei... nem quero saber
visto o que achei de mais bonito
guardado no velho baú de madeira
toquei a flauta doce para Ísis
arrisquei-me a dormir com ela
fui mais mulher em seu berço
tirei fotos do buraco negro
nadam peixes no meu oceano
Ìsis ensinou-me a chorar
quando as flores forem pisoteadas
meu mundo é cego e eu caminho
a bater em paredes entre
um povo e seus ancestrais
esquecer o passado é queimar
ossos que nos contam histórias
há séculos morrendo no meu caminho
preciso ver-me à janela
Ísis dorme enquanto a olho
sopram trombetas atrás das montanhas
um vento desvirginou a manhã de outono
eu desvirginei Ísis num beijo desassossegado
pássaros ainda voam na metrópole
com céus acizentados...

 
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 22/03/2021
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