Não, eu não sou daqui
Sou de outras estrelas Pertenço a mundos irrequietos Feitos para mulheres negras Nunca silenciarem-se diante da opressão Enquanto houver em mim santos de barros Serei a noite que abre céus de outono Para receber Baco no trigésimo terceiro aniversário de não sei quem Outra de mim está lá e também é negra Coloco no fundo da panela de barro Oferenda pra Xangô, meu pai amado Nas águas de março largarei a esperança Ouvi dizer que à noite os lobos dormem e as aves sonham A vida seria mais bonita se o negro pudesse olhar vitrines Não sou cientista, sou poeta Mas em Marte há vida E eu sou toda marciana Além de pedra anciã que não descansa Escrevo contos para capoeiristas trocarem seus cordões É preciso amar a graúna além dos sinos Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 14/06/2021
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