Rosângela Trajano

Nasce uma estrela sempre que se escreve uma poesia

Textos


O menino que fugiu da guerra

Rosângela Trajano

 

Os tanques e soldados invadiram a sua pequenina cidade. Aviões sobrevoavam os céus. Era preciso fugir, mas não sabia para onde.

— Vá para um lugar que tenha paz, aconselharam os avós.

O menino calçou o seu chinelinho e saiu morrendo de medo pelas ruas cheias de fumaça, pessoas estranhas, homens e mulheres feridos estirados nas calçadas.

Ele andou apressado no seu pequeno passinho. Atrás dele um tanque de guerra com um soldado apontando uma metralhadora para uma escola.

O menino sentia frio e se tremia. As mãozinhas congelavam na neve. Encontrou um gatinho assustado miando pelas ruas. Quis levar consigo, mas talvez fosse perigoso. Era melhor caminhar sozinho.

Para onde estava indo ele não sabia. Em todo lugar havia guerra. Já tinha andado um bocado. Desde cedo que saíra de casa. O dia terminava. Estava com medo ao se sentir sozinho pela primeira vez. Ouviu um barulho forte e se escondeu atrás de um muro. Um hospital acabara de ser bombardeado por um avião.

Correu como nunca! Correu à procura de salvar a sua vida! Correu em círculos porque não sabia aonde ir! De repente parou, sentou-se no chão e começou a chorar. Chorou de verdade. As lágrimas caíam molhando a sua camisa suja de poeira. Olhou para os lados e só viu fumaça e gente gritando por socorro. Também ouviu sirenes de bombeiros e ambulâncias.

A noite caiu e ele continuou ali sentado. Não tinha forças mais para ir a nenhum lugar. Mas, era preciso continuar. Os seus avós pediram para que ele não desistisse. Era a sua vida. Se fosse salvo deixaria os avós felizes.

O menino continuou a sua caminhada no meio da neve, em uma noite de lua cheia, num março tristonho, pelas ruas de uma cidade bombardeada e tomado pelos inimigos. Quando via um soldado estranho ele se escondia ou se fingia de morto.

Depois de muito caminhar de olhos fechados porque o medo não lhe permitiu que abrisse mais os olhos para ver tantos mortos e tantos lugares destruídos chegou em um lugar que parecia estar em paz. Bateu na porta de uma casa e logo estava lá dentro contando tudo o que se passava no seu país.

Foi bem recebido por aqueles estranhos que se disseram amigos. Tomou banho, trocou de roupa, comeu e lhe deram um cobertor para passar o frio. Estava em casa, lhe disseram. Não precisava mais ter medo. Ali não estava em guerra.

O menino entregou o bilhete que os avós escreveram para os dois adultos que o resgataram. Tinha um número de telefone. Os adultos ligaram para o número, mas a linha deu ocupada. E por vários dias ficou assim.

Foi preciso levar o menino para passear, brincar, correr e se divertir. Ele começou outra vida naquele lugar com aqueles dois adultos bonzinhos. Nunca esqueceu dos seus avós e nem do seu país. Quando crescesse faria de tudo para evitar as guerras. Quando ouvia um barulho se tremia todo lembrando dos bombardeios da guerra do seu país, mas era só uma construção perto da sua nova casa. A vida continuava. Era preciso.

 

Exercícios para o bom pensar.

 

1 – Por que as guerras acontecem?

2 – O que podemos fazer para evitar as guerras?

3 – Como nos protegemos numa guerra? Pesquise.

4 – Quem mais morre numa guerra? Por quê?

5 – Por que as mulheres sofrem tanto numa guerra?

6 – Por que os soldados matam inocentes?

7 – Como você se sentiria morando num país em guerra?

8 – Você ainda tem esperança de que o mundo possa se tornar melhor?

9 – Como podemos fazer para acabar com o desarmamento nuclear?

10 – Como é reconstruir-se depois de uma guerra? Pense na história do menino acima.

11 – Quem pode nos trazer a paz para o mundo? Explique.

 

Desenhe você tentando acabar com uma guerra.

Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 14/03/2022
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