no começo deus abriu seus braços para mim corri para ser o milagre de alguém um amor de meio século a nascer das cinzas o rio se desfez no meio do caminho não sei ser amor de ninguém, sou pedra sou bicho do mato assustado com a tempestade no ser rude deitei-me com os leões meu maior medo era comê-los um a um eis que a serpente desafiou-me com um segredo se eu o contasse para alguém morreria não pela serpente, mas pelos deuses do olimpo segui cem metros e abri a boca ao mendigo abri a boca à lavadeira, à parteira, ao ourives os deuses me tiraram os céus e o chão suspensa no ar sem poder voar supliquei perdão é praga que se joga a quem não amamos ou é peste que vem quando decepcionamos até as serpentes sabem da minha fraqueza deus, eu não sou feita da costela de adão eu sou um verso descuidado de um demônio qualquer entre espinhos e desertos sangro para dentro mil mulheres de mim morrerão depois de amanhã com marcas de agressões nas ideias e no corpo a mensagem dos elefantes é utópica a carne é vendida por cem dólares na bolsa de valores no prostíbulo se vende mais barata e elas são princesas Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 03/02/2023
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